Tirar a própria vida é o ato mais extremo que uma pessoa pode cometer. Daí a grande dificuldade em lidar com um tema tão complexo e ainda envolto em tabus e incompreensão. O que leva alguém ao suicídio? Será que poderia ter sido evitado? É algo que só acontece com os “outros” ou está mais próximo do que imagino?

Buscar respostas para estas questões é fundamental para evitar ideias preconcebidas sobre suicídio, entender seus muitos aspectos e os possíveis caminhos para evitá-lo. Um bom ponto de partida é ter em mente o seguinte: a “ideação suicida”, ou pensar em suicídio, é algo que está em todos nós.

É preciso levar a sério

O problema está em quando a pessoa enfrenta um transtorno mental que a impede de tomar decisões racionais. Depressão, raiva, angústia, desalento. Quando esses sentimentos se tornam extremos, a morte pode parecer a única saída plausível. Por isso não cabem julgamentos do tipo “suicídio é uma saída fácil” ou “coisa de covarde”. A pessoa está tão desesperada que pensa que esgotou as soluções e não enxerga outra saída.

Também é comum que relatos sobre suicídios venham acompanhados de depoimentos como “jamais imaginei que tal pessoa faria isso” ou “a pessoa não deu nenhum sinal de que cometeria suicídio”. Daí a importância de jamais ignorar ou subestimar a ideação suicida.

“Ah, mas a pessoa fala isso só para chamar a atenção, quem quer se matar se mata, não fica ameaçando. Pode ser que tenha um componente de manipulação, mas ainda assim é preciso levar a sério”, avisa Dr. Neury.

“A pessoa que em uma briga de casal, por exemplo, ameaça se matar se a outra terminar o relacionamento, pode estar blefando. Mas pode acabar se embriagando numa noite e cometer o suicídio”, alerta o especialista.

Às vezes, o suicídio vai sendo tecido artesanalmente no íntimo da alma e a pessoa não demonstra isso para nós.

Dr. Neury J. Botega, professor titular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Fonte: UOL Viva Bem

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